Cerimônia na Casa SP Afro Brasil premiou lideranças da luta pela valorização do povo negro
Fotógrafo: Assessoria de Comunicação da Prefeitura
15/05/2025 - 19h14
Aconteceu na noite da última terça-feira (13), na Casa SP Afro Brasil "Oswaldo da Silva Bogé", na Vila Xavier, a cerimônia de entrega da 4ª edição do Prêmio André Braz. A premiação homenageia anualmente 10 homens negros – pretos e pardos –, que tenham se destacado na luta por justiça social, igualdade racial e valorização da cultura afro-brasileira.
A abertura do evento contou com a apresentação do Hino da Capoeira Regional, conhecido como toque de Santa Maria, tocado no berimbau pelo monitor de capoeira Azulão. Ao final da cerimônia, foi oferecido um coquetel aos convidados, ao som da discotecagem do DJ Lelle.
Os homenageados da edição 2025 foram Morfy Bomani, Carmo Bonifácio, Claudio Sebastião Jesuíno Alexandre, José Roberto Ribeiro, Luiz Geraldo Vaz, Nildão Soares, Flávio Eduardo Luiz, Ricardo Martins, Sebastião Benedito Laurindo e Ogan Valmir Silva. A escolha dos homenageados é definida pela maioria dos integrantes do Conselho Municipal de Combate à Discriminação e ao Racismo (Comcedir), bem como pelo mapeamento étnico social realizado pela Subsecretaria Executiva de Políticas Étnico-Raciais de Araraquara.
Quem também recebeu uma homenagem especial foi Francisco Brasilino. Mais conhecido como Brasa, foi figura emblemática na cena musical de Araraquara e região. Dedicou-se ao ensino de violão popular e clássico e lecionou na Casa da Cultura por 35 anos. Falecido em 2023, seu nome ficou eternizado na história cultural de Araraquara e, em reconhecimento ao seu legado, a homenagem foi entregue a sua filha, Márcia Brasilino, que representou a família na cerimônia.
A secretária de Direitos Humanos e Cidadania, Jéssyca Alencar, destacou a importância da premiação. "O Prêmio André Bráz representa o reconhecimento de trajetórias que enfrentam o racismo com coragem, que promovem transformação social com afeto e firmeza, que resistem à invisibilidade e reafirmam a força da presença negra em todos os espaços da cidade". E reiterou os esforços da administração para seguir na defesa dos direitos. "A Secretaria de Direitos Humanos e Cidadania tem trabalhado com firmeza ao lado da Subsecretaria de Políticas Étnico-Raciais para garantir que as vozes negras sejam ouvidas, que os direitos sejam respeitados, e que o combate ao racismo institucional seja uma prioridade em nossa gestão. Apoiar este prêmio é parte desse compromisso".
Compareceram ao evento o subsecretário de Políticas Étnico Raciais, Sumbunhe N'fanda, a presidente do Comcedir, Luciana Gonçalves e o subsecretário de Promoção de Defesa dos Direitos Humanos, João Clemente. Também marcaram presença Washington Andrade, Alessandra Laurindo e Marcia Tânia Alves, que já foram gestores do Centro de Referência Afro, os familiares do patrono André Braz - Aristides Braz (pai do homenageado), Alessandra Braz (irmã) e Breno Braz (filho) - e os homenageados nas edições anteriores do prêmio.
Sobre o homenageado
André Braz foi músico, mestre de bateria, fundador e idealizador da Associação Cultural Afrodescendente dos Amigos de Araraquara e Região (ACAAAR). Grande figura na luta dos afrodescendentes da cidade, manteve-se no objetivo de fortalecer os laços da comunidade negra, bem como valorizar a cultura afro. Por meio de sua atuação, foram incluídas no calendário oficial de eventos do município de Araraquara as festividades que envolvem a Comunidade do Samba ao Brilho da Luz de Vela, a Quarta Nobre, o Encontro Afrodescendente, em homenagem a “Zumbi dos Palmares”, a Copa Zumbi dos Palmares e a disputa da Meia Maratona (21 km), a serem realizados na Semana da Consciência Negra, no mês de novembro de cada ano. Não conseguiu ver todos os seus projetos realizados - vários estão em andamento -, pois faleceu precocemente em 8 de março de 2015, deixando uma lacuna na luta pela igualdade racial em Araraquara.
Sobre o presidente de honra
A escolha do mês de maio para a cerimônia também se deve à data de nascimento do Pércio Damázio, antigo morador da Vila Xavier, que nasceu em 1º de maio de 1928. Pércio Damázio é patrono do Prêmio André Braz e é reconhecido pelo movimento negro como um grande entusiasta e incentivador da cultura negra araraquarense.
HOMENAGEADOS PRÊMIO ANDRÉ BRAZ 2025
1. Morfy Bomani – Jornalista e arte-educador, com atuação marcante no hip hop, juventude negra e segurança alimentar dos povos tradicionais. Apresenta programa semanal na web rádio Salve Quebrada.
2. Carmo Bonifácio – Aos 73 anos, é um dos nomes mais respeitados da comunidade negra da cidade. Referência de memória viva e resistência, mantém vínculos com os movimentos sociais locais.
3. Claudio Sebastião Jesuíno Alexandre – Ferroviário aposentado, empreendedor e fundador do Grupo Teatral Gana, superou o racismo estrutural e abriu caminhos para profissionais negros em Araraquara.
4. José Roberto Ribeiro – Economista, escritor e professor, atuou no legislativo e no movimento negro. Idealizador do Museu Virtual da Comunidade Negra, também luta contra o racismo religioso.
5. Luiz Geraldo Vaz – Docente da Unesp, referência em projetos voltados a quilombolas e estudantes afrodescendentes. Atua pela equidade racial na ciência e na academia.
6. Nildão Soares – Mestre de artes marciais e fundador do projeto “Comunidade Ativa”. Há mais de 30 anos, oferece aulas gratuitas para jovens da periferia, unindo esporte e cidadania.
7. Flávio Eduardo Luiz – Bailarino, coreógrafo e voluntário. Seu trabalho conecta arte e saúde para promover bem-estar, especialmente entre crianças e populações vulneráveis.
8. Ricardo Martins – Professor e historiador, é militante do movimento negro e atua na formação de professores. Defensor da obrigatoriedade do ensino da história afro-brasileira.
9. Sebastião Benedito Laurindo (Thiana) – Eletricista e ex-jogador amador, formou e empregou diversos jovens negros. É conhecido por incentivar o esporte e a autoestima negra.
10. Ogan Valmir Silva – Percussionista e ogã, há 21 anos atua nas religiões de matriz africana ao lado de Mãe Rita. É reconhecido por seu compromisso espiritual e cultural com a cidade.